domingo, 2 de agosto de 2009

Cardiomiopatia Hipertrófica (CMH) - Doença que pode afectar o seu gatinho

Só o nome da doença assusta, pelo ar pomposo e algo difícil de pronunciar. Significa apenas coração (cardio), doença muscular (miopatia), anormalmente espesso (hipertrofia). Traduzindo, esta doença provoca o espessamento das paredes do ventríloco esquerdo do coração. É diagnosticada quando se excluem outras causas possíveis de hipertrofia, como sejam o hipertiroidismo, hipertensão, que pode estar associada a problemas de insuficiência renal, arritmias ou ainda outras doenças mais raras.
Ao ouvir-se falar da CMH surge imediatamente a raça Main Coon. Não por ser mais afectada que as outras (até gatos sem raça podem padecer da enfermidade), mas pela simples razão de que nos anos 80 um veterinário americano estudou a doença e a sua transmissão genética numa colónia de gatos desta raça. Tudo indica que, tal como no caso humano, a doença seja transmitida da mesma maneira para todos os gatos.
A CMH é transmitida hereditariamente através de um gene dominante que sofre uma mutação. Esta mutação vai provocar a produção deficiente de proteínas contrácteis, necessárias ao bom funcionamento do miocárdio, que para compensar as produz em excesso, provocando assim o progressivo espessamento das suas paredes.
No geral, a doença manifesta-se em gatos jovens, isto é, com menos de 5 anos. No entanto, pode ocorrer mais tarde ou até mesmo nunca se manifestar, uma vez que pode surgir com diferentes graus de intensidade.
A CMH pode ter sinais muito variados, entre os dois extremos de não haver sinais ou ocorrer morte súbita. Entre estas duas situações podem surgir anomalias respiratórias, ritmo cardíaco acelerado, ruídos cardíacos estranhos por auscultação, paralisia das patas traseiras, desmaios e outros menos evidentes.
A forma mais efectiva de diagnosticar a doença seria através de exames genéticos ao gene que sofre a mutação. Infelizmente, no momento presente este gene apenas foi identificado para a raça Main Coon, sendo possível fazer este exame na Universidade de Washington. Espera-se, com os recentes avanços na investigação veterinária, que este exame possa ser estendido a outras raças e generalizado em todo o mundo.
No momento presente, a melhor forma de diagnosticar a CMH é através de uma ecocardiografia com doppler, uma vez que esta revela quer a estrutura física, quer a funcionalidade dinâmica do coração. Sendo que nos estágios iniciais a doença manifesta poucos sinais de alteração no miocárdio, é de toda a conveniência que o exame seja feito por um veterinário com muita experiência em cardiologia. Paralelamente devem ser efectuados exames a possíveis causas de hipertrofia que não a CMH.
Todos os gatos aos quais for diagnosticada a doença devem ser afastados das linhas de criação. Tratando-se de um gene dominante, 50% da descendência de um progenitor doente terá também a doença e consequentemente também a transmitirá. Os descendentes de um casal de negativos são gatinhos saudáveis e que não transmitem a doença a futuras gerações. Daí a importância de todos os gatos reprodutores serem testados.
No mesmo sentido, todos os gatos que sofram morte súbita e tenham deixado descendentes devem ser submetidos, não apenas a uma necrópsia, uma vez que este exame não distingue os vários tipos de hipertrofia, mas também a um exame histológico às células cardíacas, já que só assim se pode concluir definitivamente se se trata de CMH ou não. Esta distinção é de extrema importância uma vez que apenas a hipertrofia causada por CMH é hereditária.
Referências:
Mark Kittleson, Rebecca Gompf, Susan Little. Feline Hypertrophic Cardiomyopathy: Advice for Breeders. Janeiro 2006.
O meu gato tem esta doença. Como já foi dito, costuma diagnosticar por volta dos 5 anos, mas a do meu gato foi diagnosticada quando ele tinha 7 meses. O seu veterinário ficou muito surpreendido, porque era o seu primeiro caso num gatinho muito jovem e de raça comum. Mas felizmente tivemos sorte!
O meu gatinho é medicado todos os dias com um comprimido que ele tanto adora (chega a esconder debaixo da lingua e deitá.lo para o chao quando nao estamos lá por perto!) e até agora nunca teve nenhum ataque ou algum sintoma da doença. Simplesmente tem o ritmo do coração mais acelarado do que um gato normal, mas garanto-vos, que é um gatinho muito feliz e rebelde!!



1 comentário:

  1. Sim, é verdade! É uma doença fatal, mas se for diagnosticada a tempo podemos evitar o pior. O Bolota é de facto um gato espectacular, um bocado hiperactivo, mas está a acalmar, é muito querido e dá muitos beijinhos, nem que seja para que dar-mos Wiskas! O teu blog está muito fixe, continua assim!

    Ana Martins

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