quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Pinípedes


Os mamíferos da orla costeira por excelência são os Pinípedes, que passam grande parte da vida na água, mas se reproduzem em terra firme. A subordem, caracterizada pelo facto das espécies que a constituem terem extremidades transformadas em barbatanas, é composta por animais de três tipos morfológicos claramente diferenciados: Focídeos, ou focas, Odobenídeos, ou morsas, e Otariídeos, ou leões-marinhos.

Os Otariídeos são o grupo mais primitivo. Também se lhes chama focas-orelhudas ( pois os pavilhões auditivos são muito conspícuos, ao contrário do que sucede com as focas e as morsas ).
Caracterizam-se pela disposição das extremidades posteriores, que se podem mover para a frente, como as de um mamífero terrestre, o que lhes permite correrem com rapidez em terra firme e treparem às rochas.
Pela disposição das patas, a morsa, caracterizada pelas grandes defesas, parece estreitamente aparentada com os Otariídeos, de que a distingue, no entanto, a pequena conspicuidade dos pavilhões auditivos.
O tamanho e, sobretudo, as proporções do corpo deixam bem evidente não se tratar de um animal ágil, mas, de qualquer forma, movimenta-se com muito mais facilidade na água do que em terra firme.
As verdadeiras focas têm as extremidades posteriores dirigidas para trás, à maneira de cauda, e não podem utilizá-las na marcha. Em terra firme deslocam-se aos saltos sobre o ventre, com movimentos ondulatórios que lembram os de um verme, mas podem em pequenas distâncias atingir grande velocidade.
Mas na água não têm rival entre os Pinípedes, pois, em vez de se impulsionarem com as extremidades anteriores, fazem-no com as posteriores, tal como um peixe que se serve da cauda, o que lhes permite movimentarem-se rapidamente e mudarem bruscamente de direcção.

Os Pinípedes podem passar grandes temporadas sem saírem da água, mas normalmente, durante o dia, alternam períodos de natação e pesca com momentos de descanso no litoral. Devem, pois, ter evolucionado por uma via difícil, em que não só se atingiram excelentes adaptações à vida marinha, como também se conservaram aptidões dos mamíferos para a vida terrestre.

Os principais problemas a resolver são a obtenção de oxigénio e de água doce, a manutenção de uma temperatura constante do corpo, tanto na água fria como, eventualmente, quando expostos ao Sol em terra firme, e a flutuação.
Devido em grande parte à gordura que possuem e que actua como flutuador, algumas focas dormem em posição vertical, como as garrafas flutuam, mantendo os orifícios nasais fora de água e respirando regularmente. Em contrapartida, outras há que dormem entre duas águas e de vez em quando, sem acordarem, sobem à superfície e respiram várias vezes profundamente antes de voltarem a submergir.

É evidente que muitos pinípedes não podem encontrar regularmente água doce e beber água do mar deve, segundo a lógica, fazer elevar de uma forma perigosa o conteúdo do sal dissolvido no sangue. Os mamíferos marinhos que se alimentam de peixes tiram deles a água necessária e talvez os que se alimentam de invertebrados disponham de rins capazes de reter grandes quantidades de sal.
Muitos pinípedes vivem em áreas onde a água é muito fria e chega mesmo a permanecer gelada durante parte do ano. No entanto, mesmo assim, conservam a temperatura do corpo dentro dos limites toleráveis. As arteríolas que levam o sangue até à pele constringem-se quando o animal está exposto ao frio e, desta forma, devido à camada de gordura isoladora, o calor do corpo mantém-se mesmo que a temperatura da pele seja pouco superior a zero graus.
Se, pelo contrário, o animal perde calor por irradiação, porque, por exemplo, se encontra exposto ao sol no litoral, as arteríolas dilatam-se e o sangue aflui à superfície do corpo, onde pode refrescar. Em alguns otariídeos é a longa pelagem que os cobre que tem a seu cargo o principal papel de regulação da temperatura.

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